O Governo de Goiás inicia, a partir do segundo semestre deste ano, a aplicação do Método Wolbachia nos municípios de Valparaíso de Goiás e Luziânia, na Região Metropolitana do Entorno do Distrito Federal. A estratégia, considerada inovadora e eficaz no controle da dengue, zika e chikungunya, será implementada com apoio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) e das prefeituras locais.
A técnica consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia — conhecida como Wolbitos. A presença da bactéria impede que os vírus se desenvolvam dentro do mosquito, bloqueando a transmissão das doenças. Ao se reproduzirem, os Wolbitos transmitem naturalmente a bactéria aos seus descendentes, fazendo com que a maior parte da população de mosquitos da região passe a carregar a Wolbachia ao longo do tempo.
Apesar de a ação ter caráter complementar às medidas tradicionais de combate ao mosquito, os resultados são promissores. Cidades brasileiras como Niterói (RJ) já apresentaram queda de até 70% nos casos de dengue após a introdução do método. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda a tecnologia, a Wolbachia não oferece risco à população nem ao meio ambiente, já que está naturalmente presente em cerca de 60% dos insetos do planeta e não envolve qualquer modificação genética.
Neste ano, Goiás já notificou mais de 123 mil casos suspeitos de arboviroses, com 72.331 confirmações e 53 mortes. Mesmo com a queda de 69% em relação ao mesmo período de 2024, a subsecretária de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim, reforça a importância da prevenção. “Ainda é fundamental eliminar criadouros e combater os mosquitos, pois visualmente não é possível distinguir os Wolbitos dos Aedes comuns”, alertou.
A tecnologia foi desenvolvida por cientistas australianos em 2008 e no Brasil é conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde. A operação no país está a cargo da empresa Wolbito do Brasil, que possui a maior biofábrica do mundo voltada à produção desses mosquitos.
De acordo com o gerente de implementação da Wolbito, Gabriel Sylvestre, os efeitos da iniciativa começam a ser percebidos já na estação seguinte à implantação. “Embora o impacto total possa levar até dois anos para ser avaliado, os dados preliminares indicam uma redução relevante logo nos primeiros meses”, explicou.
Com essa ação, o Governo de Goiás aposta em inovação aliada à ciência para proteger a população do Entorno e reforçar as políticas públicas de saúde contra doenças que, ano após ano, desafiam o sistema de saúde no país.
Fonte: Secretaria do Entorno do Distrito Federal | Governo de Goiás.