Pela primeira vez desde sua criação, o Distrito Federal registrou saldo migratório negativo. A constatação faz parte de um estudo conduzido pelo ObservaDF, núcleo de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB). Com base nos dados do Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A equipe apresentou o levantamento durante a reunião do Conselho Administrativo da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Coaride). E aponta uma nova tendência: moradores do DF estão se mudando para municípios goianos da Região Metropolitana do Entorno (RME).
Valparaíso, Águas Lindas, Novo Gama e Luziânia fazem parte de alguns dos destinos mais buscados por famílias em busca de qualidade de vida, infraestrutura crescente e custo de vida mais acessível. O movimento inverte uma tendência histórica, em que o fluxo migratório era predominantemente do Entorno para o DF.
Com aproximadamente 1,2 milhão de habitantes, a RME se consolida como uma alternativa não apenas para moradia, mas também para empreendimentos e oportunidades. A transformação da região é atribuída às políticas públicas implementadas pelo Governo de Goiás nos últimos anos, como a criação da Secretaria do Entorno do DF (SEDFGO), a construção de novas escolas estaduais, o fortalecimento da rede hospitalar, a ampliação da atuação das forças de segurança e o apoio ao comércio e à agricultura familiar.
Segundo o secretário do Entorno do DF, Pábio Mossoró, o fenômeno não representa um êxodo, mas uma escolha consciente. “A migração não representa um êxodo, mas sim uma escolha. E essa escolha só é possível porque o Governo de Goiás vem transformando o Entorno em um lugar atrativo para se viver e empreender”, afirmou.
Desafio da mobilidade
Embora os avanços sejam visíveis, a mobilidade continua sendo um dos principais desafios enfrentados por quem vive na RME e trabalha no DF. O estudo da UnB confirma que o transporte público ainda enfrenta grandes desafios. Para enfrentar esse problema, o governador Ronaldo Caiado e o vice-governador Daniel Vilela têm proposto a criação de um Consórcio Interfederativo de Transporte, unindo Goiás, DF e União em uma gestão compartilhada da mobilidade regional.
A proposta inclui medidas como a reativação do trem de passageiros entre Luziânia e Brasília, além da implantação de corredores BRT entre cidades como Luziânia e Águas Lindas até a capital federal, com apoio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Integração federativa é caminho
O crescimento populacional da RME exige uma atuação integrada entre os entes federativos. Municípios como Águas Lindas e Valparaíso, que já ultrapassaram a marca dos 100 mil habitantes, enfrentam desafios típicos de grandes centros urbanos, mas com arrecadações limitadas.
Para o secretário Mossoró, o momento é de ação conjunta. “A migração força os governos a olharem para a realidade de forma integrada. Goiás tem feito sua parte, mas os desafios do Entorno não pertencem apenas a um estado ou ao DF. São questões de uma metrópole compartilhada, que exigem soluções conjuntas, inclusive com a participação efetiva da União”, destacou.
A pesquisa completa, intitulada “Cenários Populacionais para o Distrito Federal – Oportunidades e Desafios”, está disponível no site da UnB.