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Desabamento de aterro em Padre Bernardo contamina rios

Semad-GO interdita área após toneladas de lixo atingirem córrego e rio; impacto não compromete abastecimento de água em Brasília, segundo autoridades.
Foto: © Felipe Mateus/Semad.
Foto: © Felipe Mateus/Semad.

Um desabamento de grande proporção no aterro sanitário Ouro Verde, localizado no município de Padre Bernardo (GO), a cerca de 120 km do centro de Brasília, provocou a contaminação do Córrego Santa Bárbara e, em seguida, do Rio do Sal. O episódio ocorreu na manhã de quarta-feira (18) e foi classificado como “muito crítico e muito grave” pela secretária estadual de Meio Ambiente de Goiás, Andréa Vulcanis.

“Foram milhares de toneladas de lixo que desceram. Esse lixo atingiu o curso da água e, com o chorume agora escorrendo para dentro dos córregos, os impactos ambientais são gravíssimos”, afirmou a secretária, em entrevista reproduzida pela Agência Brasil.

Apesar da proximidade com o Reservatório do Descoberto, principal fonte de abastecimento hídrico do Distrito Federal, a Semad-GO assegura que a tragédia ambiental não afetará o fornecimento de água à capital federal. “Embora estejamos muito próximos do Descoberto, estamos em outra bacia hidrográfica. A população de Brasília pode ficar muito tranquila”, declarou Vulcanis.

Como resposta imediata, a Secretaria de Meio Ambiente de Goiás interditou o aterro sanitário, proibindo a entrada de novos resíduos no local. Técnicos da pasta identificaram riscos de novos deslizamentos devido à instabilidade do solo. “Não podemos permitir que mais lixo chegue a essa área. O prefeito [Joseleide Lázaro] terá de buscar uma solução urgente para a destinação do lixo do município”, disse a secretária.

As análises no local contam com o uso de drones e mobilizaram mais de 15 profissionais da secretaria. Segundo o governo estadual, nenhum responsável pelo empreendimento foi encontrado no momento da inspeção.

Impacto no uso da água
O Córrego Santa Bárbara e o Rio do Sal não abastecem a população local, mas a contaminação inviabiliza o uso da água para consumo humano, agricultura e piscicultura nas propriedades do entorno. A orientação do governo é que os moradores não utilizem a água desses corpos hídricos até nova avaliação.

Histórico de irregularidades
De acordo com a Semad-GO, o Aterro Ouro Verde vinha operando sem licença ambiental válida, em área de preservação permanente. Ao longo dos últimos cinco anos, a secretaria emitiu sete autos de infração e embargos administrativos contra o empreendimento. No entanto, liminares judiciais concedidas pelo Tribunal de Justiça de Goiás e pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) permitiram a continuidade das atividades.

“Era uma tragédia anunciada. Alertamos o Judiciário com informações técnicas claras de que a operação era irregular e precária”, afirmou Andréa Vulcanis. A Procuradoria-Geral do Estado de Goiás estuda medidas para tentar reverter a liminar que ainda garante o funcionamento do aterro.

Repercussão nacional
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) divulgou nota de repúdio à ocorrência. Segundo a entidade, o desabamento causou a liberação de gases tóxicos e a contaminação do solo e da água, representando risco à saúde e à segurança da população.

A Abes pediu responsabilização dos envolvidos, ações emergenciais de reparação e a adoção de políticas estruturantes para evitar tragédias semelhantes. A entidade também alertou para a vulnerabilidade dos catadores de materiais recicláveis e pediu atenção da sociedade civil e dos órgãos de controle à situação dos lixões no país.

Fonte: Agência Brasil.

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